Vontade de Crer- Wishful thinking




Neste texto irei apresentar os conceitos de wishful thinking- Vontade de Crer,  honestidade intelectual, dissonância cognitiva e efeito Backfire.


[wishful thinking]




[Definição]
wishful thinking é o Impulso que conduz  à crença em determinada suposição  que  deseja ser verdadeira.

É confundir o desejo com a realidade.




 O wishful thinking pode se apresentar também como uma falácia (um argumento que não é válido )
que assume a seguinte forma

[Falácia do wishful thinking ]
Eu desejo que P seja verdadeira logo P é verdadeira.

Geralmente a parte "eu desejo" não é colocada explicitamente em argumentos. O desejo ou não de que uma proposição seja verdadeira, em geral, é uma informação mais acessível a própria pessoa do que a outros que observam. Porém, as vezes é possível ter uma ideia do desejo da pessoa dados seus posicionamentos anteriores, conhecimento das atitudes e crenças de uma certa pessoa.

[Outras Traduções do termo]
  • Pensamento ilusório;
  • Pensamento desejoso.

[Processo]

Modos de serem gerados
  1. Indivíduos selecionam ativamente as evidências que apoiam seus desejos e negam  evidências contrárias.
  2. Interpretação seletiva de evidências motivada pelo vontade de que a interpretação seja a verdadeira.


É preciso ter cuidado com não deixar o nosso desejo impedir a apreciação de evidências que os contrariam.



[Exemplos]

  1. Ela disse que não quer ficar comigo, mas sei que ela vai mudar de ideia e vir correndo para mim.

[Honestidade intelectual]


Alguns pontos que talvez possam ajudar a ter honestidade intelectual
  1. Reconhecer que nossos argumentos podem ter algumas "fraquezas".
  2. Aceitar a possibilidade de existência de teses diferentes ou opostas as nossas  justificáveis racionalmente; É comum pensarmos que nossas teses são melhores que as outras, a honestidade aqui consiste em reconhecer que podem haver teses melhores que as nossas (dado um certo modo de avaliação). Neste caso pode ser importante ponderar uma mudança de posicionamento frente a novas informações.
  3. Aceitar discutir nossas  teses,  pressupostos e  princípios; isto é, não tomar nossos pontos de forma dogmática.
  4. Em geral, admitir as fraquezas demonstradas de nossa argumentação.
  5. Aceitar a possibilidade de estarmos erradas;
  6. Reconhecer quando um argumento  de outra pessoa é válido.
  7. Aceitar as implicações lógicas das teses que defendemos (mesmo aquelas que não seriam consideradas "positivas"). 
  8. Não usar falácias contra a argumentação de outra pessoa, como por exemplo: Não usar "espantalho" , i.e,  atacar algo que  seja a tese da pessoa distorcida, ter generosidade interpretativa para entender o que está sendo colocado, não usar "ad hominem", isto é, ataque pessoal para se desfazer de um argumento.

Outros pontos para a honestidade intelectual:
  1. Que a crença ou desejo pessoal não interfira na busca da verdade.
  2. Fatos relevantes e informações não são propositalmente omitidos quando tais elementos contradizem nossas hipóteses ( isto é, não usar a falácia do Cherry Picking).
  3. Busca-se apresentar fatos e dados de modo não-enviesados ou distorcidos para sustentar posição de uma pessoa
(Existem outros pontos sobre não plagiar e citar referências anteriores, mas o objetivo aqui ao citar a honestidade é mais a contraposição ao wishful thinking).


[Honestidade intelectual vs Wishful thinking]

A honestidade intelectual pode ser um antidoto contra o wishful thinking, pois ela no guia a aceitar pontos que contrariam nossos desejos, exatamente pela aplicação da honestidade, a "verdade" ou evidências limitariam  nosso desejo em confirmar nossas posições.


[Dissonância Cognitiva]



O quanto mais uma pessoa investe em uma crença mais valor ela irá colocar nessa crença e por consequência mais resistente a fatos, evidências ou realidade que contradiz sua crença.

Então cabe tomar cuidado em o quanto se investe em uma ideia. O mesmo pode acontecer quando se
defende uma posição de força muito contundente ou autoritária, depois mudar de posição pode ter um custo pessoal maior, então pode ser interessante colocar as posições com humildade e equilíbrio ciente da possibilidade de se estar errado.

"Eu sabia que era fácil fazer pessoas acreditarem em uma mentira, mas eu não esperava que as mesmas pessoas confrontadas com a mentira iam a escolher no lugar da verdade... nenhuma quantidade de lógica pode abalar uma fé conscientemente baseada em uma mentira"
M. Lamar Keene no seu livro The Psychic Mafia citando que pessoas ainda acreditavam  que seu amigo, um medium chamado Raoul, seria autêntico mesmo depois dele falar abertamente que seria uma farsa.


"Nenhuma quantidade de evidência, não importa o quão boa ou quanto de evidência há é suficiente para convencer o verdadeiro crente (true believer) do contrário"
James Randi



[Hipóteses]

Coloco algumas hipóteses que tenho sobre o tema:


  1.  Talvez tenhamos dificuldade de negar certas conclusões pois nosso grupo ideológico (ou apenas grupo) as defende. E fidelidade ao grupo que nós pertencemos pode ter sido algo importante em nossa evolução como sociedade\humanidade.
  2. O efeito de Manada pode ter alguma ação sobre nossas crenças, nos arrastando para crer na posição do nosso grupo. 
  3.  Segundo o princípio da credulidade de Reid: As pessoas tem tendência a acreditar no que é dito a elas, mas isso geralmente apenas quando elas não tem informação sobre o ponto abordado, isto é, já não possuem uma ideia a priori sobre o tema. Caso ela já possua uma ideia anterior ela pode negar ou entrar em dissonância cognitiva.
  4.  O grupo ideológico pode ter mais força que o grupo familiar.
  5.  Uma crença antes estabelecida pode ser mudada para uma nova sem grande dissonância se o nosso grupo ideológico está mais alinhado a nova crença.
  6. Uma crítica de pessoa do mesmo grupo ideológico pode ser melhor recebida que a mesma crítica vinda de grupo rival (ou diferente).
Talvez alguns passos do modelo de Kübler-Ross aconteçam
  1. Negação: "Isto não é verdade". Negar a nova informação.
  2. Raiva:  (Trocar pelo efeito Backfire )
  3. Negociação: 
  4. Depressão: 
  5. Aceitação: "Vai tudo ficar bem.", "Eu não consigo lutar contra isto, é melhor preparar-me."


[ Efeito Backfire]

O efeito backfire correr quando em conato com uma evidência contraditória as nossas crenças, as tais crenças estabelecidas não mudam mas ficam mais fortes. (Como acuar uma pessoa ideologicamente implica faz com que ela se agarre com mais força aos seus ideais).


Modos de lidar com o efeito:
  1. Em um debate não queremos ser vistos como errados ou estúpidos em frente a uma audiência, após esse momento passar e as coisas acalmarem (talvez sem uma plateia) as pessoas podem estar mais emocionalmente aptas a aceitar seu ponto.
  2. Mostrar que ao outro debatedor como o que foi colocado de novo pode o beneficiar no lugar de ameaçar.
  3. Aguarde um pouco mais. As vezes a pessoa precisa de algum tempo para digerir as novas informações.
  4. Faça mais perguntas no lugar de apresentar mais proposições.


[ Maneiras para ser ouvido ]


  1. Tente fazer a pessoa ter empatia com você, mostrando estar dentro de um mesmo certo tipo de grupo. Essa inclusão em grupo precisa ser sincera, pois defender um ponto que seja nocivo ao seu grupo pode fazer ser considerado um "lobo em pele de cordeiro".[ Os “lobos em pele de cordeiro” usam da falsa simpatia para conquistar as pessoas ao seu redor, unicamente para alcançar determinado objetivo.]

Hipótese que devo tentar:
  1. Tentar criar empatia com quem você debate e fazer a pessoa ter empatia ( caso vá defender um grupo tentar fazer a pessoa ter "empatia" com o grupo defendido, tentar mostrar a pessoa como seria estar no lugar dela ).
  2. Tentar com perguntas fazer o processo de Maiêutica (algo similar a parto) de Sócrates Do wikipedia:
Sócrates conduzia este “parto” em duas etapas:
  • Na primeira, levava o interlocutor a duvidar de seu próprio saber sobre determinado assunto, revelando as contradições presentes em sua atual forma de pensar, normalmente baseadas em valores e preconceitos sociais.
  • Na segunda, levava o interlocutor a vislumbrar novos conceitos, novas opiniões sobre o assunto em pauta, estimulando-o a pensar por si mesmo[4].
Ou seja: a maiêutica primeiro demole, depois ajuda a reconstruir conceitos, transitando do básico ao elaborado, “parindo” noções cada vez mais complexas.
A autorreflexão, expressa no nosce te ipsum — "conhece a ti mesmo" — põe o Homem na procura das verdades universais que são o caminho para a prática do bem e da virtude.
É um método ou técnica que pressupõe que verdade está latente em todo ser humano, podendo aflorar aos poucos na medida em que se responde a uma série de perguntas simples, quase ingênuas, porém perspicazes




Fontes:



  1. https://rationalwiki.org/wiki/Backfire_effect
  2. https://oficinadefilosofia.com/2012/07/20/a-honestidade-intelectual-e-a-filosofia/
  3. Wikipedia
Leitura recomendada:
  1. https://www.brainpickings.org/2014/03/28/daniel-dennett-rapoport-rules-criticism/


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